quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O dia em que virei mangá

No fim de semana subimos novamente pra Friburgo, para finalizar a parte de campo do Cidadania Móvel, uma iniciativa do CESOrj. Eu falei da outra vez que participei do comboio aqui. Desta vez, resolvemos ficar sábado e domingo, até porque tinha festinha-surpresa para uma das voluntárias! \*Ü*/
Como da outra vez, o trabalho foi cansativo e muitas vezes triste e chocante. E, como da outra vez, contamos com uma galera super-animada e de boa vontade. E, apesar do motivo triste que nos uniu, percebemos que a natureza é incrível: às vezes fala com fúria para que a ouçamos, outras vezes, com uma delicadeza que afaga nosso coração, como as pequenas flores coloridas que encontramos aqui e ali no meio da terra (e paisagem) revirada. (pena que as fotos que tirei das florezinhas não ficaram publicáveis...)
Bem, mas hoje eu vim contar uma outra história. A história do dia em que virei mangá!
No domingo, quando estávamos explorando a área rural de Friburgo, já cansados e desanimados, chegamos a um conjunto de casas que pareciam fechadas. Quando TeRez4 (é o nosso jipe preto, a nossa nêga) se aproximou, percebemos que a casa mais do fundo estava com as janelas abertas e parecia ter gente. Um dos cadastradores ameaçou sair do carro, mas Marido pediu para esperar. O latido de um cachorro parecia perigoso. Mapeados os cachorros da casa (dois poodles na janela e um pastor belga preto gigante atrás do portão com corrente), foi liberada a nossa saída. Três voluntários, sendo duas meninas de metro-e-meio e um menino de quase-dois-metros, saíram do carro para realizar o cadastro na casa. Nenhuma pessoa da casa apareceu, apesar da barulheira dos cachorros. O pastor preto latia furiosamente. Marido foi manobrar a TeRez4. O menino alto paralisou e disse que o cachorro não parecia confiável. As meninas pararam também. 
-Ah, mas o portão está fechado!
Foi quando o pastor saiu em disparada por onde deveria ser o muro lateral da casa, inexistente.
-Eu não sou boa em corrida, ferrou!- pensei.
Saiu cada um para um lado, eu e o menino fizemos uma curva para nos abrigar na entrada das outras casas e o cachorro foi  atrás da outra menina, que seguiu reto. Ela sentiu o focinho encostando na mãozinha dela no momento em que a puxou para junto de seu corpo. Foram poucos segundos passados em câmera lenta para nós três. Marido acelerou a TeRez4 para espantar o cachorro, que recuou ao ver a negôna vindo na sua direção. Assim que vi a TeRez4, tentei correr para trás dela, indo o mais longe possível. Menino e menina pularam uma cerquinha para a entrada da outra casa, na tentativa de se abrigar.
Logo apareceu o dono da casa, prendeu o cão e veio falar com a gente. Ou melhor, com o Marido que desceu do carro e o único perto o suficiente para conversar. Passado um primeiro momento do susto, descobrimos que aquela casa já tinha sido cadastrada. Tanto melhor, pois a gente não sairia mais do carro, e, se possível, ali ficaríamos até chegar de volta ao Rio. 
Com a respiração e os batimentos cardíacos mais regulares, falamos do susto que passamos. Eu disse que não era boa em corrida e fiquei com muito medo. A menina tinha acabado de reclamar da mão pequena demais. O menino disse que estava com muito sono. Concluímos por unanimidade que tudo isso era bobagem:
-eu sou uma corredora ótima e ninguém viu pra onde fui, de tão rápida; 
-ainda bem que a mão é pequena, por isso escapou; 
-e o sono se foi e  o menino ficou superdesperto!
E ainda, Marido disse que meus olhinhos de japa ficaram tão grandes, como nunca antes imaginado, iguais aos de mangá: gigantes, estalados E arregalados. Correndo com a boca aberta, gritando, e os braços balançando pra cima.
\O.O/
É, foi bem uma cena de mangá. Ou de desenho animado. E foi engraçado, (mais) uma história para se contar. Claro, agora que o coração não está disparado e estou segura na minha casa.

4 comentários:

Lucas disse...

Hahahahaha! Essa história foi demais! Sem dúvida me foi muito útil este fato, já que após dele fiquei muito mais desperto e focado! E também para que tenhamos mais uma história pra rir, né!? Depois, é claro. hahaha

c r i s disse...

Ai japa, essa me matou! Hahahah, eu super atenta pra saber como vczinha tinha virado mangá...Kkkkk! Que medo, hein?
Lindo o trabalho, parabéns! Muitas histórias pra contar a bordo da TeRez4! Adorei!! Bjokas e linda semana por aí...dei uma sumidinha, né? Mas nem foi por conta de aventuras como a tua...

Nina disse...

Desculpa, sensei, não me controlei! HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Imaginei a cena pela descrição do seu marido e ri muito de imaginar vc correndo com os braços levantados e a boca aberta. Mais um causo pra se contar! =)

Maria Luiza disse...

Harumi
Foi tenso mas muito engraçado pelo modo como conta. Eu estou rindo e imaginando a cena. Por uma boa causa, vocês passam por cada uma!
Parabéns pelo lindo trabalho e continue sempre assim, espalhando alegria!
Beijos, tudo de bom!