terça-feira, 21 de junho de 2011

Bom-dia, dia glorioso!

A menina  estava com a agenda cheia e os minutos contados naquele dia: academia, aula, almoço, reunião, com intervalos de 1 hora, contando o deslocamento entre eles. Entrou no elevador da escola (o 2º item da lista de compromissos) e murmurou um 'bom-dia' sem muita vontade.
-Ah, você chegou na hora certa: olha a notícia! - disse, todo simpatia, o senhor.
A menina olhou a tevê e era uma chamada sobre a Coreia. Sem vontade de explicar que japonês não é coreano, lançou um sorriso amarelo:
-Ah...
-E olha, eu já previ a sua chegada e já apertei o seu andar! - continuou o Sr Simpatia, referindo-se ao botão apertado por engano.
-Ah, obrigada... - o sorriso-amarelo parecia uma máscara colada naquele rosto com olhar-de-peixe-morto.
-Viu? Hoje é seu dia glorioso, tudo está dando certo para você, até seu andar foi apertado antes mesmo de entrar no elevador!
-(...)
-Um dia glorioso para um sorriso radiante como o seu!
E o elevador parou e ele desceu, desejando um bom-dia! A cena foi tão inusitada, que a menina começou a achar graça e sorriu.
Pronto! O bom humor do Sr Simpatia, que de início parecia inconveniente, bateu na cara dela e atirou para longe o olhar-de-peixe-morto e o sorriso amarelo.
*FIM (^_^)*

segunda-feira, 13 de junho de 2011

tesourona

A menina tinha acabado de se casar e se mudou para uma cidade onde não conhecia ninguém. E resolveu fazer um curso de patchwork para se aprimorar e fazer amizades. Havia uma lojinha bonitinha perto de sua nova casa. 
-Ótimo! É lá que eu vou!
E lá ia ela toda faceira, uma vez por semana, para a aula de costura.
Neste processo de mudança, foi necessário também mudar alguns documentos, inclusive transferir a conta do banco. E, com isso, ela precisou ir várias vezes à agência buscar papéis, levar papéis, assinar papéis...
Um dia, no caminho para a aula de costura, ela passou no banco para deixar alguns desses papéis. Ao tentar passar pela porta giratória, a porta travou e o alarme disparou. O segurança se aproximou, e perguntou se ela tinha algum objeto metálico na bolsa. A menina se lembrou! E, imediatamente, ficou vermelho-beterraba! Mal conseguia encarar o segurança, nem olhar para as pessoas ao redor! Lentamente, ela recuou, abriu a bolsa e tirou o tal objeto: uma tesoura de costura enorme, pontuda, toda metálica, que ela estava levando para a aula de costura. Para piorar a vergonha, nem estojinho ou porta-tesouras ela tinha, para disfarçar a tesourona. Deixou o objeto na caixinha ao lado da porta e entrou.
A vergonha era tanta que ela cochichou ao segurança se deveria deixar a tesoura com ele até sair da agência. O segurança olhou a menina de metro-e-meio e disse que não precisava. E a menina guardou a tesoura gigante.
Naquele dia, na volta da aula, a menina comprou outra tesoura, menor e de cabo de plástico, para carregar na bolsa, quando necessário.
E depois daquele dia, a menina resolveu a transferência de conta e não precisou voltar mais à tal agência.
*FIM*

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Senha preferencial

Domingo à tarde, loja de telefonia celular de um shopping, totalmente cheia, como sempre. O casal enfrenta a fila, pega a senha e senta no sofazinho de espera. Chega uma família: pai, mãe, vó e 2 crianças. A vó se acomoda com o carrinho da criança menor no espaço do café. Pai e filho maior sentam no sofá. A mãe vem de não-sei-onde falando firme com a vó:
-Qual é a sua senha? O quê? Você não pegou a senha preferencial?
- Ah, o moço olhou pra minha cara e me deu esta...
- Mãe! Por que não pediu a senha preferencial? Você tem que dizer que é idosa!!!
- ....
Sai a mãe batendo o pé e volta com um papelzinho. Logo chamam o próximo cliente:
-Alguém é preferencial?
A família se levanta e vão todos para o guichezinho. Só tem duas cadeiras e um espaço para duas, três pessoas, no máximo. O pai senta em uma cadeira. A mãe senta em outra. O filho maior se pendura entre os dois. A vó vai atrás de todos, empurrando o carrinho com o filho menor. Fica em pé, atrás, cuidando do menino. Como a sala já está cheia e é muita gente para se amontoar em um guichezinho só, a mãe olha pra vó e diz:
-Ah, nem fica aqui! Espera ali no sofá! Leva o Joãozinho! Olha a bolsa dele arrastando no chão, tem que pendurar mais em cima no carrinho, né!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Capas e encomendas

Esta é a capa de laptop que fiz para a minha prima, de Cuiabá, que teve muuuuita paciência comigo! Ela esperou pacientemente pela prova e mais ainda pela finalização da capa. Desculpe a demora, viu?
Eu adoro pegar encomendas, mas sou muito demorilda para produzi-las. Na realidade mesmo, acabo não vencendo tudo o que quero/preciso fazer. Sabe aquela coisa de querer abraçar o mundo? O meu problema é que tenho só metro-e-meio e meus braços são curtos... 
E além disso, fico no maior dilema se a pessoa vai gostar, se as cores e tecidos que escolhi vão agradar... Claro que sempre mando uma prova, às vezes com combinação de mais de um tecido, mas fico em cólicas na perspectiva do 'antes', no maior estilo 'peru-de-véspera'! É, esta sou eu...
Conversando com algumas amigas do ramo de produção artesanal, percebi que esta coisa de encomendas é realmente algo bem complicado. E já tinha me decidido a não pegar mais nada de encomendas, mas quando amigos queridos me dizem: 
- Ha, gostei tanto de tal coisa no site, mas queria uma com estampa diferente, na cor tal, na medida tal, você faz?
Ou quando chega um email da afilhada pedindo:
- Viu, vossa senhoria está aceitando encomendas? Por conta do meu netbook, estou precisando de uma capa para o meu mais novo filhinho. Aí, eis que me veio o pensamento: "Hum, uma capa feita sob medida ia ser melhor. E se fosse de patchwork ia ficar linda!!!!" Adivinha em quem pensei! 
Ah... Sou muito sentimental e muitas vezes (quase sempre) não consigo dizer não!! Sem falar que o cabeção já começa a ter muitas ideias antes mesmo de terminar de ouvir o pedido... 
Este último pedido rendeu uma combinação morango com chocolate:
Que, por sua vez, inspirou a capa Miyuki, da primeira foto.
Já levei altas broncas do meu ombudsman, o Maridôncio, que está sempre a postos para tentar dar equilíbrio a este empreeendimento, à casa-atelier e à paz mundial. Até adotei uma política de não aceitar encomendas, a princípio, e já aprendi a dizer NÃO muitas vezes, mas o coração é de manteiga-mole-fora-de-geladeira-no-calor-carioca, então, já viu, né? É, esta sou eu...